sábado, 16 de junho de 2012

O TRIBUNAL DE CRISTO E O GRANDE TRONO BRANCO

INTRODUÇÃO:

As Escrituras afirmam o fato de que haverá um grande julgamento final, de crentes e de incrédulos. Eles ficarão de pé diante do trono de julgamento de Cristo em seu corpo ressurreto e ouvirão a proclamação do seu destino eterno. (Wayne Grudem).

Na verdade, há um sentido no qual as pessoas são julgadas já na presente vida, pala respostas delas a Cristo. Lemos em Jo 3.18:

 "aquele que nele crê não é condenado (ou julgado, aquele que não crê já está condenado (julgado), porque não creu no nome do unigênito filho de Deus"

Veja também Jo 3.36 e 5.24, em outras palavras, um julgamento divino, recai já agora sobre aqueles que recusam crer em Cristo. Mais a Bíblia também ensina que haverá um julgamento final no fim da história. (Anthony A. Horkema).

O juízo final é descrito com grande vivacidade na visão de João em apocalipse. (Ap 20. 11-15). Outras passagens falam de um modo claro sobre um dia vindouro de julgamento (Mt 10.15; 11.22,24; 12. 36; 25.31-46; 1Co 4.5; Hb 6.2; 2Pe 2.4; Jd 6 e tantos outros).

Uma pergunta, entretanto, nos leva à reflexão: Haverá mais de um julgamento? Vejamos algumas opiniões.

De acordo com o pensamento dispensacionalista, há mais de um julgamento que está por vir. Eles não vêm o juízo final em Mateus 25. 31-46 como descrevendo o juízo final (o grande trono branco) mencionado em Ap 20. 11-15, mas sim a um julgamento posterior à tribulação e anterior ao início do milênio.

Dizem que este será um "julgamento das nações" em que elas serão julgadas de acordo com o modo pelo qual tiveram tratado o povo judeu durante a tribulação. As que tiverem tratado bem os judeus e estiverem dispostas a se submeterem a Cristo, entrarão no milênio, e as que não tiverem terão negada a entrada.

Na perspectiva dispensacionalista teremos vários tribunais (julgamentos):

·           O julgamento das nações (Mt 25. 31-46), para determinar quem entra no milênio.

·           O julgamento das obras dos crentes (chamado de julgamento bena por causa da palavra grega traduzida por tribunal), será para entrega de galardões aos crentes (2Co 5.10).

·           O julgamento do grande trono branco, ao final do milênio, para declarar o castigo eterno para os incrédulos (Ap 20.11-15).

Podemos então notar que para os dispensacionalistas, há uma grande diferença entre o tribunal de Cristo e o grande trono branco.

1-O TRIBUNAL DE CRISTO.

O tribunal de Cristo será o tribunal onde a igreja irá comparecer para que cada crente receba os galardões conforme o que tiver feito por meio do corpo ou bem ou mal. Cristo julgará a sua igreja.

O tribunal de Cristo não será o juízo final (o grande trono branco), não será para julgar pecados, pois será para os salvos (Jo 1.7), não será para condenar (Rm 8.1), a igreja será julgada (2Co 5.10), em seu sofrimento (Mt 5.11-112), em seu trabalho (2Co 15.48).

Não podemos confundir salvação com galardão. Salvação nos é dada através de Jesus Cristo, no calvário, para todo aquele que nele crê. O galardão será uma recompensa pelo trabalho executado aqui pelo reino de Deus (2Co 5.10).

2-O GRANDE TRONO BRANCO

As Escrituras se referem a este terrível e grande dia, o dia do juízo final (o grande trono branco). O trono branco é a representação do grande e infinito poder de Deus é a representação da justiça implacável de Deus, revelada à humanidade.

Este julgamento foi determinado pelo Senhor (At 17.10), onde Jesus Cristo será o grande juiz (At 17.31), será individual (Ap 20.12), será para os ímpios e pecadores (Ap 21.18), serão julgados segundo as suas obras (Ap 20.13).

CRÍTICA AO PENSAMENTO DISPENSACIONALISAS

Segundo Wayne Grudem Mateus 25.31-46, 2Co 5.10 e Apocalipse 20.11-15, todas essas três passagens falam dum mesmo juízo final e não de três julgamentos separados.

Com relação a Mt 25.31-46-ele comenta:

1.  É improvável que a visão dispensacionalista esteja correta. Não há nenhuma menção de entrada do milênio nessa passagem, além disso os julgamentos pronunciados tratam não da entrada no reino milenar sobre a terra, ou da exclusão deste, mas sim do destino terreno das pessoas, é só ler atentamente os versículos 34, 41 e 46 e isto estará bem claro.

2.  Por fim, Deus seria incoerente com os seus costumes revelados através das Escrituras se ele lidasse com o destino eterno das pessoas tomando por base a nação ao qual elas pertencem, pois nações incrédulas têm crentes no meio delas e para com Deus não há acepção de pessoas (Rm 2.11).

3.  Embora de fato todas as nações estejam reunidas perante o trono de Cristo nesta cena (Mt 25.32) o quadro do juízo é de julgamento de indivíduos (as ovelhas são  separadas dos cabritos) ovelhas e cabritos representam indivíduos e não nações, os indivíduos que tratam com bondade os irmãos de Cristo são acolhidos com alegria no reino, enquanto aqueles que os rejeitam serão rejeitados v 35-40 e v 42-45.

SEGUNDO O TEÓLOGO LOUIS BERKHOF

Segundo Berkhof, não haverá três ou mais julgamentos. Ele faz o seguinte comentário, no seu livro de Teologia Sistemática, na página 673:

1.     Devemos notar que a Bíblia sempre fala do juízo futuro como um só evento. Ela nos ensina a guardar não dias, mais o dia do juízo (Jo 5.28,29; At 17.31;  2Pd 3.7, também chamado "aquele dia" (Mt 7.22; 2Tm 4.8) e "o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus" (Rm 2.5).

2.     Além disso, há passagens nas Escrituras que evidenciam abundantemente que os justos e os ímpios comparecerão juntos no juízo para uma separação final (Mt 7.23; 25.31-46; Rm 2.5-7;  Ap 11. 18; Ap 20.11-15).

3.     Ademais, deve-se notar que o julgamento dos ímpios é descrito como um concomitante da parusia e também da revelação (2Ts 1.7-10; 2Pe 3. 4-7. E finalmente, deve-se ter em mente que Deus não julga nações como nações quando estão em pauta questões eternas, mas somente indivíduos e que uma separação final dos justos e dos ímpios, não tem a menor possibilidade de ser feita antes do fim do mundo.

SEGUNDO O TEÓLOGO E ESCRITOR ANTHONY A. HOEKEMA

Segundo Hoekema, em seu livro A Bíblia e o Futuro na página 341, ele faz o seguinte comentário: O ensino bíblico acerca da ressureição geral implica que haverá apenas um juízo final, não vários julgamentos diferentes, pois é dito que o juízo final se seguirá á ressureição.

CONCLUSÃO:    

Pelo presente estudo, podemos concluir que há divergências entre os teólogos que buscaram tratar deste assunto, uns acreditam que só haverá um julgamento, um único tribunal este é um pensamento dos teólogos da linha reformada, outros teólogos acreditam que haverá vários julgamentos, em épocas diferentes, essa linha é defendida por grande parte dos teólogos dispensacionalistas.

Com quem está a razão? Creio que a melhor maneira de respondermos a esta pergunta é nos aprofundarmos mais no estudo das Escrituras e buscarmos, além do racional (através da erudição), a ajuda indispensável e eficaz do Espírito Santo. E com certeza, na glória teremos a resposta verdadeiramente correta.  SOLA SCRIPTURA Pb. GILSON DOS SANTOS

FONTES: GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática, Vida Nova, São Paulo, 1999, BERKHOF, LOUIS. Teologia Sistemática, Cultura Cristã, São Paulo, 2001, HOEKEMA, Anthony A. A Bíblia e o Futuro, Casa Editora Presbiteriana, 1989, CLARK, David S. Compêndio de Teologia Sistemática, Cultura Cristã, São Paulo, 1988, STRONG, Augustus H. Teologia Sistemática, Editora Hagnos, São Paulo, 2007.

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