segunda-feira, 27 de junho de 2011

O PERIGO DOS EXTREMOS


ECLESIOLA IN ECLESIA- Igrejinhas dentro da igreja, caros leitores este fenômeno, muito nos tem chamado a atenção e não podemos virar as costas para o que vem acontecendo dentro das igrejas, de um modo geral e em particular nas igrejas evangélicas, independente da denominação.
Percebemos a formação de grupos que se portam de diferentes maneiras, uns se acham mais santos que os outros, outros se acham mais intelectualizados, outros mais conservadores, em fim temos uma variedade de produtos e seguimentos que transformam a igreja numa feira espiritual, onde se pode obter de tudo, para todos os gostos, levando a igreja a uma perda total de sua identidade, dizemos que é conseqüência de um mundo globalizado, pós-moderno, pós-vocação, mais principalmente pela letargia espiritual de lideres religiosos.
Lideres que com a desculpa de não perder membros, se esquecem do compromisso feito na ordenação, de manter a lealdade a Deus, às Escrituras Sagradas, aos princípios e doutrinas da igreja, seu sistema de governo, sua constituição e obediência às autoridades constituídas, desde que elas permaneçam fiéis às Escrituras, esquecem também das palavras de Paulo, exortando ao ensino da sã doutrina.
Este artigo não tem a pretensão de rotular ninguém, nem tão pouco de esgotar o assunto, pretendemos apenas chamar a atenção para o problema, destacando algumas tendências que estão dentro das igrejas, inclusive nas igrejas históricas.
É comum ouvirmos esta frase. “Aqui tem espaço para todos”, eu creio que esta frase está corretíssima, desde que a liderança não se abstenha de ensinar. Os presbíteros tanto docentes quanto regentes devem ser aptos para ensinar e vigiar, conforme Paulo exorta em Atos 20. Vamos às tendências:
1-FUNDAMENTALISMO CRISTÃO
O fundamentalismo, foi um movimento que surgiu logo após a publicação do livro “A ORIGEM DAS ESPÉCIES” por Charles Darwin , em 1859 , a Auta Critica alemã e o surgimento da teologia liberal, tomando forma nos Estados unidos, no inicio do século XX.
Empresários patrocinaram a impressão de um livro “OS FUNDAMENTOS” escritos por eruditos da época, com a tentativa de impedir a influencia moderna na igreja, como o nome mesmo diz, destacava-se os princípios Bíblicos, não só em relação à fé mas também em relação à conduta da sociedade e à interferência da ciência nos dogmas e princípios da igreja. A conferência Bíblica de Nagara estabelece as bases do fundamentalismo.
Este movimento tem como base a inspiração Divina, a inerrância e a suficiência das Escrituras, a ressurreição e a volta de Cristo (verdadeiros e primordiais para o cristão), princípios que os teólogos liberais não compartilham.
Os fundamentalistas acreditam em seus dogmas como verdades absolutas e indiscutíveis, não abrem espaço para diálogo, eles se revelam como fonte de intolerância e os outros são analisados como fonte de ameaça e mal que pode fragilizar as verdades construídas por eles.
2-NEOPURITANOS
Para entendermos o neopuritanismo, temos que voltar na história e falarmos um pouco dos puritanos, corrente que surgiu entre os séculos XVI e XVIII, nas igrejas da Inglaterra, presbiterianas, batistas e congregacionais . Este nome “puritanos foi colocado por seus inimigos, com o propósito de ironizar os ideais de pureza que eles buscavam e defendiam para a igreja, governo e sociedade, não era uma nova denominação, mais um movimento dentro da igreja evangélica.
Queriam que a reforma antes iniciada, fosse completada, diziam que a igreja havia parado entre Roma e Genebra, que ela conservava princípios da igreja católica que eram contrários as Escrituras, escreveram inúmeras obras, inclusiva a Confissão de Fé de Westminster. Acabaram se desviando para uma religião legalista e introspectiva desembocando no não conformismo.
A firmeza com que defendiam suas convicções, o rigor teológico e exegético de suas obras, o modo de vida, valeu-lhes uma reputação de gente sisuda, obtusa e intolerante.
No Brasil, o termo neopuritano foi aplicado no inicio desse século para grupos evangélicos que adotam determinadas práticas, justificando como identificadoras dos verdadeiros reformados; tais como: O canto exclusivo dos salmos sem instrumentos musicais, não permissão de corais e bandas nas igrejas, o silêncio das mulheres no culto, a proibição das mulheres ensinarem, a não ser para as crianças, etc. Se julgam os guardiões da fé reformada e do puritanismo e acabam se isolando dos outros reformados que não concordam com estas posturas extremas e radicais.
3-CESSACIONISMO
Há um grupo de teólogos que acreditam que os dons extraordinários deixaram de existir com o fim da era apostólica e tiveram seu propósito findado com o fechamento do Canon, os dons extraordinários como profecias, curas, línguas, interpretação de línguas, foram derramados na era apostólica, pois as Escrituras ainda não tinham sido completada e a revelação não tinha ainda totalmente se manifestada, contudo, hoje as Escrituras são totalmente suficiente para a revelação de Deus e de sua vontade.
4-NEOPENTECOSTAIS
Os neopentecostais, fundamentam-se em uma doutrina chamada de “confissão positiva ou doutrina da felicidade”, que significa trazer à existência aquilo que declaramos com a nossa boca. É uma corrente doutrinária que afirma que uma vida medíocre do crente, significa falta de fé ou uma vida de pecado, sendo assim a marca do cristão verdadeiro é uma vida cheia de felicidade, com saúde física, mental e emocional, além da prosperidade material.
Fundamentam-se na teologia da prosperidade, buscam a cura divina, e o poder que emana do próprio homem, até mesmo ordenando o próprio Deus , buscam os milagres de Deus e não o Deus dos milagres, seu evangelho é totalmente antropocêntrico, o arrependimento, a cruz e a justiça de Deus são relegadas a um segundo plano.
A minha vontade se sobrepõe a vontade de Deus. Esta corrente tem adentrado as igrejas de uma maneira devastadora, pois contam com os meios de comunicação de massa, principalmente com o radio e a televisão, além do mais, quem é que não quer ser próspero, ter saúde e ser poderoso? (falam o que agrada o homem e não o que Deus quer que falemos). A pregação Cristocêntrica, já era!
5-LIBERALISMO CRISTÃO
É um movimento que procura substituir a fé cristã pelo racionalismo e pela ciência, tentando destruir os fundamentos da fé, surge com o iluminismo, o racionalismo e o humanismo. Nega a inspiração divina das Escrituras, sua infalibilidade e sua inerrância. Nega a soberania de Deus, a trindade, a divindade de Cristo, a morte expiatória e vicária na cruz, a sua ressurreição e sua volta, negam também o pecado original e a depravação total do homem. Cresce com a alta critica, com o pós-modernismo, com o evangelho social, com a teologia racional e cultural.
CONCLUSÃO
O que dizer de tudo isso? Digo que na história do cristianismo, sempre nos deparamos com esses movimentos, e isso só vai acabar com a volta de Cristo, mas prefiro pensar no que está escrito nas Escrituras Sagradas, “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão”. (Mt24.35)  “Para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro”. (Ef4.14).
Digo também que devemos buscar constantemente a unção e autoridade que nos outorga o Espírito Santo, para permanecermos firmes e inabalados na sã doutrina e no compromisso de ensinar. Fraternalmente em Cristo. Pb. Gilson dos Santos. Soli Deo Gloria!

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