SISTEMA PRESBITERIANO (PARTE 1)
Ao longo dos meus vinte e cinco anos de presbiterado,
tenho observado que uma grande parte dos presbiterianos desconhece o seu
sistema (o chamado Sistema Presbiteriano), levando-o muitas vezes a angustias e
desconfortos desnecessários. Muitas das vezes confundem com sistemas
congregacionais ou episcopais, nós não somos nenhum, nem outro! Somos
presbiterianos. Então vamos tentar entender um pouco desse sistema!
A palavra presbiteriano não designa apenas o adepto de
uma forma particular de governo eclesiástico. Portanto, "sistema
presbiteriano" não é apenas o código de leis que rege determinada
organização religiosa.
Um sistema seja de filosofia ou de teologia, pode ser
definido como uma classificação lógica de verdades afins, sob o império de uma
ideia predominante. Nenhuma verdade tem existência isolada; há viva
interdependência entre as verdades. E a relação harmoniosa de verdades que
interdependem, sob uma ideia fundamental comum, equivale a um sistema.
A doutrina da soberania de Deus é a ideia fundamental do
sistema presbiteriano e isso significa o controle absoluto de tudo quanto
existe, controle esse exercido por Deus. O Espírito de Deus onisciente,
onipresente, onipotente, eterno e supremo governa todas as coisas visíveis e
invisíveis . Portanto podemos dizer que sistema presbiteriano é o corpo de
verdades e leis religiosas que tem como verdade fundamental a soberania de
Deus.
Da soberania de Deus decorre a soberania da Palavra de
Deus como regra de fé e prática. (O sistema Presbiteriano, de W. H. Roberts)
SISTEMA PRESBITERIANO - PARTE 2
PRINCÍPIO CENTRAL- Vimos no texto anterior que da
Soberania de Deus decorre a soberania da Palavra de Deus como regra de fé e
prática. Sabemos que todos os cristãos afirmam que Deus falou aos homens e que
essa revelação se acha entesourada na Bíblia, porém, nem todos a consideram
como Palavra de Deus e nem todos a aceitam como única regra de fé e pratica.
Neste sentido podemos dividir a cristandade em quatro grupos que são,
racionalistas, liberais, católicos e evangélicos, vejamos o que dizem cada um:
1-
Os racionalistas
negam que a Bíblia seja a Palavra de Deus.
2-
Os liberais afirmam
que a Palavra de Deus está contida na Bíblia, mas que nem toda ela é Palavra de
Deus.
3-
Os católicos tanto
os romanos, como os gregos e os anglicanos afirmam que a Bíblia é a palavra de
Deus mas aceitam também as tradições e a voz da igreja como fonte legítima de
autoridade religiosa, lado a lado da Bíblia e como consequência disto podem (e
assim o faz) substituir as Sagradas Escrituras por mandamentos de homens e
decretos de concílios.
4-
Os evangélicos e (aí
se enquadra o sistema presbiteriano), combatem as três posições acima e
sustentam que a Bíblia é em sua totalidade a Palavra de Deus e todas as suas
partes é divinamente inspirada e infalível. Afirmam que a Bíblia é a única
regra de fé e pratica e rejeitam a tradição como regra de fé. Segue-se dai que
nem as conclusões da razão humana finita, nem os decretos de uma igreja ou de
um papa falível podem ser regra suprema de fé e prática.
SISTEMA PRESBITERIANO - PARTE 3
Nos textos anteriores vimos que o sistema presbiteriano
tem como ideia fundamental a doutrina da soberania de Deus, daí decorre a
soberania das Escrituras como regra de fé e prática, hoje vamos ver o princípio
do direito de associação denominacional.
- PRINCÍPIO DO DIREITO DE ASSOCIAÇÃO DENOMINACIONAL- A
aceitação da Palavra de Deus como regra infalível de fé e prática, nos leva a
duas perguntas: primeira - Que relação existe entre o indivíduo e a
interpretação da Palavra de Deus? segundo, que relação tem com a Bíblia os
cristãos organizados em diferentes denominações?
Os padrões presbiterianos respondem a essas perguntas com
o princípio de que da soberania de Deus decorre que somente ele (Deus) é senhor
da consciência, e é a Deus, que cada homem deve prestar contas, portanto, cada
indivíduo tem o direito de interpretar as Escrituras pessoalmente de acordo com
os próprios princípios que ela encerra.
A religião evangélica na sua forma presbiteriana coloca a
alma direto em contato com Deus, sem qualquer obstáculo oriundo de processos da
razão ou de celebrações da igreja.
A confissão de fé de Westminster, que é um dos símbolos
de fé da igreja Presbiteriana, no seu capítulo XX, parágrafo II declara que, só
Deus é senhor da consciência, e ele a deixou livre das doutrinas e mandamentos
humanos que em qualquer coisa sejam contrários à sua Palavra, ou que em matéria
de fé ou de culto estejam fora dela.
Portanto, cada pessoa tem o direito de interpretar por si
mesma a Palavra de Deus, com o devido respeito ao Criador, segue-se daí que
cada homem tem o direito de se associar com outros para alcançarem os altos e
santos objetivos da religião cristã.
Em virtude das liberdades gêmeas de juízo individual e de
associação voluntária, e de acordo com as Escrituras, organizou-se o grupo de
cristãos conhecidos e chamados Presbiterianos, para manter o sistema de fé e
prática, de culto e de governo que aceitam como sistema bíblico, adotando-o e
sustentando-o, sem contudo tolher a liberdade de pessoa alguma.
Mas a verdade é que nós, presbiterianos, estamos
convencidos de que são bíblicos os princípios que professamos - com todo o
respeito para com os que assim não pensam. É portanto um direito nosso exigir
dos pastores, presbíteros regentes e diáconos a aceitação pessoal da Confissão
de Fé, do Catecismo Maior e do Breve Catecismo como a sistematização do ensino
bíblico.
Da mesma forma exigimos a aprovação sincera da forma de
governo expressa na constituição da igreja. Essas exigências são confirmadas
por todos os oficiais da igreja no ato de sua ordenação e pelos membros
comungantes da igreja no ato de sua recepção.
SISTEMA PRESBITERIANO - PARTE 4
ASPECTOS PRINCIPAIS DO SISTEMA PRESBITERIANO- O sistema
presbiteriano está fundamentado em quatro aspectos principais que são o
teológico, o do dever, o do culto, e o do governo. Vamos ver hoje o aspecto
teológico.
Todas as doutrinas que compõem o conjunto de doutrinas da
igreja presbiteriana tem sua origem na Palavra de Deus. As disposições dessas
doutrinas se subordina à ideias calvinista da soberania de Deus. Mas na
confissão de fé e nos catecismos há outras doutrinas, além daquelas que são
peculiarmente calvinistas.
Há em nossos padrões doutrinários três grandes elementos
teológicos. No primeiro elemento estão as doutrinas aceitas por todos os
cristãos, que são: A existência de Deus, a unicidade de Deus, a trindade, o plano
de Deus, a criação, a providência, a queda do homem, o pecado e o castigo, a
liberdade da vontade humana, a pessoa de Cristo, a personalidade do Espírito
Santo, a salvação mediante a obra do divino redentor e a ressureição dos
mortos. Todos os cristãos aceitam substancialmente essas doutrinas em sua forma
geral.
No segundo elemento estão as doutrinas aceitas por todos
os protestantes independente de sua denominação, que são: A supremacia das
Escrituras Sagradas como regra de fé e prática, supremacia da autoridade de
Deus sobre a consciência humana, sacrifício vicário e mediação exclusiva de
Cristo, justificação do pecador arrependido somente pala fé, promoção dos
santos para o céu imediatamente após a morte e sua completa santificação no
estado de glória, essas doutrinas são um traço de união entre todos os cristãos
evangélicos do mundo.
No terceiro elemento estão as doutrinas
caracteristicamente calvinistas, mais conhecidas como os cinco pontos do
calvinismo, que são:
a) Eleição incondicional oposta à eleição condicional.
b) Expiação definida ou a redenção particular oposta à
expiação indefinida.
c) A depravação total do gênero humano oposta à
depravação parcial.
d) A graça eficaz oposta à graça incerta.
e) A perseverança final dos santos oposta à perseverança
parcial.
Esses cinco pontos são peculiares ao presbiterianismo e
destingem dos demais cristãos evangélicos. A ideia central do sistema
presbiteriano - A SOBERANIA DE DEUS, se relaciona diretamente com cada um
desses cinco pontos.
O SISTEMA PRESBITERIANO - PARTE 5
Estimados amigos, hoje falaremos do aspecto do dever do
homem, que é uma das linhas mestras do estudo do sistema presbiteriano,
portanto, boa leitura e bom estudo.
Entre as doutrinas essenciais do regime presbiteriano
estão aquelas que determinam o dever do homem. As principais doutrinas sobre o
dever são as que se referem à livre agencia do homem, à lei de Deus, ao pecado,
a fé em Cristo, às boas obras, à liberdade cristã, os votos e os juramentos
legais, à magistratura civil, ao casamento e ao divórcio, ao juízo final. Também
essas doutrinas se conjugam em ordem lógica com o princípio fundamental da
soberania de Deus. Da soberania de Deus decorrem as seguintes verdades:
a)
A livre agencia do
homem é um elemento preordenado em sua personalidade, e implica na sua
responsabilidade perante Deus.
b)
A lei moral como se
encontra nos 10 mandamentos, e de forma amplificada no Novo Testamento,
continua em vigor e os homens lhe devem inteiro respeito e obediência.
c)
Tudo o que no homem
se opuser à lei divina, seja em pensamento, em palavra ou em obras, é pecado.
d)
A fé em Cristo é um
dever de todos aqueles que ouvem e conhecem o evangelho .
e)
Homem algum tem o
direito de sobrecarregar a consciência de outros homens com distinções morais
que não estejam em harmonia com a Palavra de Deus.
f)
Os cristãos devem
provar com uma vida piedosa e reta as verdades doutrinárias que professam.
g)
Boas obras
constituem a prova de que o cristão já pertence à família de Deus, mas não serve
de base nem recurso para a salvação do pecador.
h)
O homem não pode
comprometer se em hipótese alguma a fazer o que não seja reto.
i)
Devemos cultivar
grande reverência pelo nome de Deus.
j)
O estado, tanto
quanto a igreja é de instituição divina.
k)
A obediência à
autoridade civil legítima equivale à obediência divina a Deus; Tanto na igreja
como no estado, a família é a fonte e a segurança da prosperidade.
Enfatizamos ainda que os preceitos que governam relações
entre os homens, sejam pessoais, políticas ou eclesiásticas, devem estar em
plena harmonia com a Palavra de Deus. E que cada pensamento, palavra e ato de
cada indivíduo em todas as circunstâncias e relações da vida, estarão sujeitas
ao julgamento de um tribunal onisciente, impessoal, imparcial, e inflexível;
julgamento que será seguido de uma sentença justa e irrevogável.
O SISTEMA PRESBITERIANO - PARTE 6 (SOBRE O CULTO)
O culto ocupa lugar de eminência na igreja cristã. Tanto
quanto a forma, pessoas e lugares.
O culto cristão pode ser definido como sendo um movimento
da alma humana para Deus, em nome de Jesus Cristo, no qual se adoram as
perfeições divinas, exalta-se a bondade de Deus, implora-se as bênçãos
celestiais, como o perdão dos pecados. Para muitos o culto é a essência da
religião.
É no culto que o homem tem procurado tão insistente e
audazmente interferir com a soberania de Deus, inventando modas e arranjos , se
esquecendo que a forma do culto esta bem claro e perfeitamente estabelecido nas
Escrituras.
As doutrinas principais dos padrões presbiterianos, com
referência ao culto são:
a)
Somente Deus deve
ser adorado.
b)
Deve ser adorado
somente pela mediação de Cristo.
c)
Deus aceita o culto
quando tributado em espírito e em verdade sob a direção do Espírito Santo.
d)
Somente no culto
verdadeiro pode o pecado ser perdoado e obtido o favor divino.
e)
No Evangelho, parte
alguma do culto religioso aparece subordinado a este ou àquele lugar.
f)
Dentre os sete dias
da semana, Deus separou um para o descanso devendo ser este dia inteiramente
consagrado a Deus.
g)
Os princípios gerais
do culto estão expostos na Bíblia.
Podemos resumir assim os princípios presbiterianos do
culto, não há outro objeto de culto além de Deus (não podemos em um culto
público fazer homenagens a homens, podemos até fazê-lo, mas em outra ocasião);
não há outro sacerdote além de Cristo, os ministros (pastores) não são
sacerdotes, mas lideres da congregação e do culto, (a "
pastoriolatria" é um pecado gravíssimo como qualquer outra idolatria); não
há perdão senão para o pecador arrependido; para obtenção do favor divino não
há obstáculo além da incredulidade; não há culto senão o atributado a Deus em
espírito e em verdade; não existem formas de culto além daquelas expressas na
Bíblia. (Acreditem ou não, até espetáculos circenses eu já vi em uma igreja na
hora do culto público, com a desculpa de: o que que tem? é para Deus!).
A forma bíblica de culto e o caminho de livre acesso a
Deus, tem sido no passado e no presente obstruído por entraves resultantes do
orgulho, da ignorância e da pretensão humana, mas os presbiterianos calvinistas
sempre lutaram vigorosamente contra isso, enfrentando incompreensões,
sofrimentos, criticas, ataques e mortes na defesa e na preservação do direito
do livre acesso ao trono celestial, de graça e de perdão.
(FONTE:O SISTEMA PRESBITERIANO de W. H. Roberts).
O SISTEMA PRESBITERIANO - PARTE 7
(SOBRE A FORMA DE GOVERNO DA IGREJA)
A igreja foi estabelecida por Deus na terra com a
finalidade de preservar, manter e difundir a sua verdade. A igreja deve ser ao
mesmo tempo a coluna e o alicerce da verdade. Tendo tido origem divina a
natureza e os aspectos geras da igreja estão claramente indicados na Palavra de
Deus.
Do princípio basilar do presbiterianismo, que é a
soberania de Deus, procedem as seguintes verdades:
a)
Cristo é a única cabeça da
igreja e, o chefe da igreja e, portanto, todos os que estão a Ele unidos são
membros da igreja ideal, invisível que existe no céu e na terra, composta de
todos os eleitos (os salvos).
b)
Todas as pessoas que professam a verdadeira religião (que
nos conduz a Cristo pelo Espírito Santo) são membros da igreja visível e
universal existente na terra.
c)
Todo o poder da igreja é declarativo e ministerial.
Ministerial quando a igreja age no lugar de Cristo e declarativo quando
interpreta os ensino de Cristo contido nas Sagradas Escrituras.
Como as igrejas são compostas
de pessoas e não são unidades desconexas e independentes, mas de partes unidas
umas às outras como porções de um todo, tem ela o direito de regular e de
inspecionar todas as suas partes componentes, sejam membros da comunidade
eclesiástica, sejam congregações (igrejas) particulares.
d)
A existência de denominações não ferem os preceitos
bíblicos e não destrói a verdadeira unidade da igreja, desde que cada uma delas
cumpra fielmente a missão que foi imposta por Deus.
Isso posto surge então a
necessidade de governo na igreja, daí surgirem várias formas de governo,
podemos destacar três formas mais usuais de governo eclesiástico que são:
Episcopal, Congregacional e Conciliar (presbiteral ou representativo). (1) -
Episcopal, onde um governa todos. - (2) Congregacional, onde todos governam.-
(3) Presbiteral ou representativo, um grupo eleito governa.
por Pb. Gilson Santos - aguardem novos posts